Procurei no labirinto
o trono de um grifo.

Abri uma porta
voltada para o infinito,
cercada por serpentes,
leopardos e cigarras.

Com a estridência
do som, voltei ao cemitério
de portas, ornadas
a penas e a buganvílias.

Abri uma segunda porta.
Era a véspera,
a rainha de jade,
pele oleada a púrpura.

(Ícaro soprou a cinza
no dorso do Minotauro).

Abri a terceira porta.
É o dia
da purificação.
O trono vazio.

 

Beatriz Meireles
Cnossos, Creta, Grécia
Agosto 2024