Na mira do espelho
escuto o delírio.
Carrego no botão
e aumento, com muita sede,
o volume à televisão.

O delírio é tão alto
que o cérebro
do homem explode,
esborrachando o ecrã
de mosquinhas mortas.

O delírio continua…
Com força, atiro o comando
à parede e suplico
que pare.
Nada sintoniza.

De preto e branco
pinto os peixes do mar,
nadam como um falcão –
peregrino.

Prendo o anzol,
liberto o fio do delírio
e trago comigo
o espelho, partido.

Beatriz Meireles
Outubro de 2024