As férias foram passando, doces dias de alegrias, família, mar, sol e céu, azul. Cristóvão e Anacleta não comeram mais bolinhas com creme, mas provaram um delicioso gelado de chocolate. Andaram de bicicleta e de trotinete junto à praia, foram dias de experiências inesquecíveis para uma concha que nunca deixara o seu lugar. Estava, porém, com muitas lembranças das amigas que nunca mais vira. Desejava que a aventura acabasse.
A criança, que voltara da praia, cantarolava no chuveiro, desprendendo-a do fio.
– Aninhas, Aninhas… um pouquinho de gel de banho e champô para ficares limpa e cheirosa.
– Cristóvão, deixa o banho… – disse a mãe abrindo a porta, repreendendo-o: – o que fazes, filhinho, a concha está cheia de espuma, não desperdices água, nem produtos de higiene. Não és o delegado ambiental da turma?
– Sim, mamã, mas a Aninhas merece tomar banho, estar molhada…
– Não faz sentido nenhum…. Porquê?
– Por ter tantas saudades do mar…
– É fácil de resolver, Cristóvão, amanhã devolves a concha à praia. É o nosso último dia de férias.
– Mas brincámos tanto, mas tanto… juntos! Não, mamã, não posso, deixarei de ouvir o mar no meu coração.
Cristóvão terminou o banho, cheirando a pêssego. Anacleta, que cintilava. A mãe referiu a sorrir, tapando-lhe a cabeça com a toalha branca e cobrindo-lhe o corpo com as pontas:
– Sabes, se fechares os olhos, com ou sem concha sempre ouvirás o mar no teu coração.