Há junto ao mar azul uma árvore
monumental, que inquieta.
As flutuantes raízes não beijam a terra,
cérebro diabólico pouco complacente.
Sofrem as flores de nudez
como eu sofro de ansiedade,
de medo penetrante.
Temo clamorosamente onde estou,
nada justifica este estado de não estar…
Quero ser a copa, espraiar-me no verde,
tocar o céu igualmente azul
e esquecer a melancolia! Mas
os braços da árvore paralisam-me,
perco-me na floresta secreta
de braços que cortam a respiração.
Não devo, não posso ser a copa da árvore,
desconfio mais do mistério das alturas…

Côte d’Azur, julho de 2025
Beatriz Meireles