Morrem dentro de mim dias de verão…
É que nem na pintura de Cezanne
vive o pai a ler o jornal!
Morrem dentro de mim tantas palavras,
como eram extraordinários os palmiers
que o pai comprava na pâtisserie
Dificeis as palavras francesas
para uma criança que não lia jornais…
Mais difíceis os campos de alfazemas.
Será que estão à venda nas tabacarias?
Mostram tantas pontes que atravessam
o silêncio, o tempo até às montanhas,
as nuvens que imperceptivelmente
perfumam os dedos do pai a ler o jornal…
e eu a comer palmiers…
Aix-en-provence, julho de 2025
Beatriz Meireles