A bailarina escreve no soalho

com as lapiseiras do poeta.

A bailarina luta contra a ordem

como o anarquista, irrealista.

A bailarina pinta a alma do artista,

que à superfície da água perscruta.

A bailarina dança ao som do vento,

colhendo miosótis para a florista.

A bailarina leva todas as cores

para as finas saias da modista.

A bailarina traz o sonho e o tormento,

rotina de um inexperiente especialista.

A bailarina convoca ilusões

para desfazê-las, astuta.

A bailarina embala a menina,

à mãe que no baloiço a vida segue.

A bailarina se persegue…

a neta, que acorda,

e a avó, que dorme.

Acende e apaga do plateau a luz,

ó bailarina!

 

 

Beatriz Meireles

Setembro de 2024