É no silêncio que o tempo conta,

falando em movimento com a noite.

 

A pobre mulher acorda.

Palpita o coração

à vida que atravessa o rio.

 

O impuro homem tarda.

Até que a tentação

surge para violentar o corpo frio.

 

É no silêncio que a mulher conta

que o débil esqueleto suporte a noite.

 

O tempo passa devagar…

A manhã, que não vem!

(inóspito lugar,

que da noite sempre vem.)

 

É no silêncio que a mulher conta

os desejos que pede à noite.

 

Como um papagaio

diz-lhe olá… mas não responde.

 

Beatriz Meireles